Às vezes, é sacrificando a rainha que se ganha o jogo de xadrez

No Seminário 6, ao falar da relação do desejo e da fantasia, Lacan faz uma comparação do jogo analítico com o jogo de xadrez. Nesse jogo, cada peça tem sua função e seus movimentos próprios e, assim como o significante, está sempre em articulação com as demais, pois as jogadas são feitas levando-se em conta o movimento particular das outras peças.

Sabemos que uma das funções do analista (lacaniano) é selecionar elementos no discurso e elevá-los à categoria significante para que possam ser articulados. Por outro lado, assim como no jogo de xadrez é comum a eliminação progressiva de peças, o objetivo do jogo analítico também inclui a eliminação de alguns significantes até que se consiga um número adequado que possibilite ao analista localizar a posição do sujeito.

A eliminação, aqui, não se trata, necessariamente, apenas da diminuição de peças no tabuleiro, mas da restrição de movimentos a que se está sujeito quando se chega ao final da partida.

Nesse sentido, ao analisar um caso de Ella Sharpe, Lacan se refere ao significante fálico como a rainha que o mau jogador não quer perder por achar que, ao perdê-la, o jogo acabará, embora o final da partida nem sempre aconteça ao se sacrificar essa peça. Pelo contrário, às vezes, é sacrificando a rainha que se ganha o jogo.

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