Os ideais têm algo de místico: eles se guardam num lugar de mistério.
- Mariany Gonçalves
- 6 de abr. de 2024
- 1 min de leitura
Eu gosto do místico. Tenho feito as pazes com ele. Mas não mais com a esperança ingênua de um para além vida ou coisa assim. Gosto como aquilo que representa a possibilidade de um lugar oculto, desconhecido. Gosto como algo que carrega a ideia de um mistério.

Penso, por exemplo, que a possibilidade de que a morte não seja o fim está no mistério. Se há o que se chama dom, ou, quem sabe, bênção ou amor, isso é o mistério. O místico enquanto aquilo que transcende a palavra e se presentifica na experiência (do amor, do dom, da vida ou, simplesmente, daquilo que nos mantém pulsantes).
Mistério, também, como aquilo que serve de trilho para o desejo de descobrir, ainda que nunca seja descoberto; ou aquele buraco misterioso que talvez abrigue uma origem que jamais será sabida, mas que teima em nos acenar e nos fascinar.
O místico que tem a função de um vazio necessário, assim como os ideais, que não são ideais à toa, senão porque têm a função de nos guiar, e não de serem atingidos. Nisso, os ideais têm algo de místico: eles se guardam num lugar de mistério.
"O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério."
Fernando Pessoa
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